quinta-feira, 28 de julho de 2016

Boas vindas!

A criação deste blog tem o objetivo de publicar as informações ocorridas na Primeira Reunião de Ostracodólogos do Brasil (I ROB) e disponibilizar informações gerais sobre Ciências em Ostracoda, defesas de monografias, dissertações e teses de doutorado, notícias sobre novos artigos publicados, bem como outras informações sobre a nossa área.
O Informativo elaborado por nosso colega Cristianini Trescastro Bergue pode ser acessado neste blog também.

          Caros colegas, este blog está aberto às suas contribuições.

Abraço,

Cláudia Machado



I Reunião dos Ostracodólogos do Brasil (I ROB)





       No dia 03 de agosto de 2015 ocorreu a (I ROB), juntamente com a XXIV edição do Congresso Brasileiro de Paleontologia, no Crato, Ceará. O evento foi organizado por Cláudia Pinto Machado (UCS), Enelise Katia Piovesan (UFPE), João Villar de Queiroz Neto (PETROBRAS) e Simone Nunes Brandão, (UFRN) e surgiu da ideia de se fomentar uma maior interlocução entre os pesquisadores, visto o notável crescimento destes estudos no país. 
A Reunião teve o objetivo de agregar os pesquisadores das mais diferentes áreas, visando à integração dos estudos desenvolvidos no Brasil e estimular a troca de ideias de pesquisa. 
 Agradecemos à comissão organizadora do XXIV Congresso Brasileiro de Paleontologia por todo o apoio à realização da I ROB, ao palestrante, Prof. João Carlos Coimbra, aos apresentadores dos trabalhos e participantes do evento, oriundos de diversas instituições brasileiras e internacionais (Aberystwyth University, DNPM, Ghent University, MPEG, MGF, PETROBRAS, UBA, UCS, UFBA, UFPE, UFRGS, UEG, UEM, UFPA e UNISINOS). 


Saudações ostracodológicas e nos vemos oficialmente no próximo evento em 2017!


quarta-feira, 27 de julho de 2016

Lista de trabalhos apresentados na I ROB

Comunicamos que tivemos 16 trabalhos inscritos, sendo 8 sob a forma de  apresentação oral e 8 na forma  pôster (ver abaixo). O resumos estão publicados no
Boletim de Resumos do XXIV Congresso Brasileiro de Paleontologia - Paleontologia em Destaque - Edição especial  



APRESENTAÇÕES ORAIS


1. APLICAÇÃO DE OSTRACODES NÃO-MARINHOS COMO FERRRAMENTA PALEOAMBIENTAL: ESTUDO DE CASO NO PRÉ-SAL DA BACIA DE SANTOS

ARIANY DE JESUS E SOUSA, MARCELO VASCONCELOS BRANDÃO, JOÃO VILLAR DE QUEIROZ NETO, JEANINE DE LACERDA GRILLO

Petrobras, Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, Gerência de Bioestratigrafia e Paleoecologia Aplicada
ariany@petrobras.com.br, marcelo.v.b@petrobras.com.br, joaovq@petrobras.com.br, jeanine@petrobras.com.br

Este trabalho tem como objetivo aplicar os conceitos de surgimento de nodação fenotípica existentes na espécie quaternária Cyprideis torosa a espécie Limnocypridea? subquadrata (Cretáceo inferior). A descoberta de petróleo na seção pré-sal da Bacia de Santos gerou sobre essa região um grande interesse exploratório, ressaltando assim a importância da compreensão do ambiente deposicional no qual esses reservatórios foram formados. A utilização de ostracodes não-marinhos como ferramenta bioestratigráfica para seções do Cretáceo é reconhecida mundialmente. Neste trabalho se ressalta a aplicação desses organismos como importante ferramenta nas interpretações paleoambientais. Serão apresentados os resultados da análise quantitativa de ostracodes não-marinhos realizada em 27 m de testemunho coletado no Aptiano da Bacia de Santos. O testemunho analisado possui um intervalo de 18 m rico em ostracodes, onde também foram recuperados biválvios e gastrópodes. Esta seção se destaca pela ocorrência e abundância de diversas espécies da família Cypridoidea. Entre as espécies registradas ressalta-se a presença de Limnocypridea? subquadrata, que é o táxon mais frequente e abundante do intervalo. A peculiaridade dessa espécie é a presença de dois morfotipos distintos, um liso e outro ornamentado. A ornamentação presente em Limnocypridea? subquadrata é conhecida como nodulação, que são protuberâncias arredondadas, grandes ou pequenas, que ocorrem em locais pré-determinados da carapaça do ostracode. Confrontando os valores das abundâncias de espécimes lisos e nodados dessa espécie, presentes no testemunho, percebe-se intervalos com predominância do morfotipo ornamentado.  Estes intervalos, com predomínio de formas nodadas, foram interpretados como períodos de diminuição da salinidade da água. Estas interpretações foram realizadas em analogia ao registro de nodação na espécie C. torosa, que apresenta predominância de morfotipos nodados em ambientes menos salinos. Essa diminuição da salinidade caracterizada pela ocorrência de estratos com predomínio de formas nodadas de L.? subquadrata, indica períodos com maior aporte de água meteórica.

2. NOVO REGISTRO DO GÊNERO NODOCONCHA (CRUSTACEA, OSTRACODA) PARA A BACIA DE NEUQUÉN, ARGENTINA

DAIANE CEOLIN1, ROBIN WHATLEY2, GERSON FAUTH1 & ANDREA CONCHEYRO3
Instituto Tecnológico de Micropaleontologia - itt Fossil, Universidade do Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS.
Micropalaeontology Research Group, Institute of Earth Sciences, Aberystwyth University, United Kingdom.
IDEAN - Instituto de Estudios Andinos “Don Pablo Groeber”. Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas. Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Universidad de Buenos Aires. 
daiaceolin@unisinos.br, riw@aber.ac.uk, gersonf@unisinos.br, andrea@gl.fcen.uba.ar

O gênero Nodoconcha Hartmann havia sido registrado, até o momento, na Antarctica e Nova Zelândia no Oligoceno e Recente. O único representante existente era a espécie N. minuta Hartmann com registros na Península da Antarctica, Sul da Georgia, Sul de Orkneys, Ilha Lavoisier, Baia Hope, Ilha Adelaide e Ilha Ross, entre 183-370 m de profundidade. Neste estudo foram analisadas 27 amostras pertencentes às formações Jagüel e Roca (Maastrichtiano–Daniano) na seção de Cerro Azul, Bacia de Neuquén (38º50’S e 67º52’W), que constitui um novo local para o estudo da passagem do limite Cretáceo-Paleogeno (K–Pg) na região centro-oeste da Argentina. Foram identificadas sete espécies do gênero Nodoconcha Hartmann, das quais três são novos registros, três destas foram realocadas em Nodoconcha após a revisão de algumas espécies descritas para a Bacia de Neuquén como “Cytherura?” e “Wolburgia”; e uma espécie deixada em nomenclatura aberta. Através deste estudo foi possível estender a distribuição estratigráfica deste gênero Nodoconcha para o Maastrichtiano, com a identificação de três espécies, onde possivelmente tenha surgido, se diversificado, sobrevivido à passagem do limite K-Pg e se diversificado no Daniano, onde foram reconhecidas quatro espécies; e declinando no Oligoceno, sendo representado até no presente pela espécie N. minuta. Este gênero pertence à família Cytheridae e apresenta uma carapaça ornamentada com tubérculos e fortes sulcos, o que o diferencia dos demais membros desta família. Este novo registro fortalece os indícios de que a Bacia de Neuquén tenha sido um centro de especiação e rota de migração de muitas espécies, principalmente no Mesozoico. [Bolsista Milton-Valente, UNISINOS; CAPES – Proc. BEX 2696/14-2, colaboração do projeto UBACYT N°20020110100170]

3. INTERPRETAÇÃO PALEOAMBIENTAL DA FORMAÇÃO JANDAÍRA, BACIA POTIGUAR, COM BASE EM ASSOCIAÇÕES DE OSTRACODES 

ENELISE KATIA PIOVESAN1, GERSON FAUTH2& CRISTIANINI TRESCASTRO BERGUE2

Laboratório de Paleontologia, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.
itt Fossil - Instituto Tecnológico de Micropaleontologia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
katiapiovesan@gmail.com, gersonf@unisinos.br, ctbergue@gmail.com

Os ostracodes constituem um grupo de microfósseis com grande aplicabilidade à paleocologia, uma vez que a ocorrência da maioria dos gêneros é condicionada por determinados parâmetros ambientais, em especial a salinidade. Podem habitar águas doces, marinhas e mixoalinas, estas em suas diferentes concentrações salinas (oligoalinas, mesoalinas ou polialinas). Neste estudo foram analisadas espécies do Cretáceo Superior da Bacia Potiguar (Formação Jandaíra) provenientes do testemunho 9-MO-13-RN (perfurado em Mossoró), e de um afloramento (Ponto 5, localizado próximo à cidade de Governador Dix-Sept Rosado). Para a interpretação dos paleoambientes considerou-se os hábitats dos gêneros identificados, a variação no índice de diversidade de Shannon, a riqueza e a abundância dos táxons. De acordo com os dados faunísticos obtidos, foram identificados quatro paleoambientes: (1) Mixoalino-marinho 1: Turoniano; (2) Marinho 1: Santoniano–Campaniano; (3) Marinho 2: Santoniano–Campaniano e (4) Mixoalino-marinho 2: Santoniano–Campaniano. No primeiro paleoambiente, restrito ao Turoniano, dominam as espécies mixoalinas Perissocytheridea caudata Piovesan et al., 2014, Cophinia grekoffi Piovesan et al., 2014 e Fossocytheridea tiberti Piovesan et al., 2014. O paleoambiente marinho 1 apresenta uma fauna característica de plataforma interna à externa, marcada pela presença de espécies dos gêneros Cytherella Jones,1849; Bairdoppilata Coryell, Sample & Jennings, Jandairella Piovesan et al., 2014, Brachycythere Alexander,1933, Potiguarella Piovesan et al. 2014, Cophinia Apostolescu, 1961 e Xestoleberis Sars, 1866. No paleoambiente marinho 2 ocorre uma associação típica de ambiente nerítico interno, com dominância das espécies Cophinia ovalis Piovesan et al., 2014, Ovocytheridea triangularis Piovesan et al., 2014, Protocosta babinoti Piovesan et al., 2014 e Semicytherura musacchioi Piovesan et al., 2014. No topo da seção (Santoniano–Campaniano), se estabelece a associação mixoalina-marinha 2, caracterizada pela riqueza de táxons marinhos, intercalada com níveis contendo assembleias tipicamente mixoalinas, nas quais abundam espécies dos gêneros Fossocytheridea e Perissocytheridea. Os quatro paleoambientes foram registrados no testemunho 9-MO-13-RN, enquanto no Ponto 5 foram registrados apenas os paleoambientes marinho 1 e marinho 2. [CAPES/PDSE 18919/12-0; CNPq 308544/2012-9]


4. ESTUDO TAXONÔMICO E PALEOECOLÓGICO DE OSTRACODES (CRUSTACEA), CRETÁCEO, BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS, FORMAÇÃO CALUMBI, BRASIL

CLÁUDIO MAGALHÃES DE ALMEIDA 1, VANESSA SARDINHA DOS SANTOS 1 & FELIPE BARBI CHAVES 2

Seção de Geologia e Paleontologia/Segep, Universidade Estadual de Goiás.
Divisão de Proteção de Depósitos Fossilíferos, Departamento Nacional de Produção Mineral, DNPM.
almeidacm@icloud.com, vanessa_sardinha@hotmail.com, felipe.chaves@dnpm.gov.br

O presente trabalho apresenta a taxonomia e a paleoecologia de ostracodes recuperados a partir de afloramentos do Cretáceo Superior da bacia de Sergipe-Alagoas, Formação Calumbi. O afloramento está situado no entroncamento da BR-101 com a BR-235, município de Nossa Senhora do Socorro, Sergipe, cerca de 20 km a oeste de Aracajú. Além destes microcrustáceos bivalvados, outros elementos do conjunto fossilífero são referidos. As amostras foram preparadas nos Laboratório de Micropaleontologia da Universidade de Brasília/UnB e Laboratório de Biodiversidade da Universidade Estadual de Goiás/UEG. Foram identificadas nove espécies: Ilyocypris sp.1, Ilyocypris sp. 2, Reconcavona sp., Paracypris sp. Cetacella sp., Cytheropteron sp., 
Eocytheropteron sp., Cytherella sp. e Bythocypris sp. As ocorrências autóctones de Bythocypris sp., Eocytheropteron sp. e Cytherella sp., indicam paleoambiente marinho com influência continental. Na amostra MP-348 ocorrem de forma alóctone as espécies Reconcavona sp. e Cetacella sp., típicas de ambientes limnéticos e exclusivas do Cretáceo Inferior, essas ocorrências sugerem retrabalhamento devido as carapaças estarem mal preservadas. Na amostra MP-347, as espécies límnicas Ilyocypris sp.1 e Ilyocypris sp.2, e as marinhas Cytheropteron sp., Cytherella sp. e Paracypris sp., também foram consideradas alóctones. Além dos ostracodes, foram recuperados foraminíferos planctônicos da superfamília Globigerinacea. Dentre as nove espécies identificadas somente Ilyocypris sp. 1, Ilyocypris sp. 2, Reconcavona sp. e Cetacella sp. são gêneros que possuem sua ocorrência exclusiva de ambientes limnéticos. Sendo que Ilyocypris e Cetacella são gêneros com ocorrências restritas ao Cretáceo Inferior. Assim baseado no registro bioestratigráfico e na má presevação das carapaças sugere-se retrabalhamento. Ilyocypris sp. 1, Ilyocypris sp. 2, Reconcavona sp., Cetacella sp. e Cytheropteron sp. foram interpretadas como de deposição alóctone. Somente as espécies Paracypris sp. e Cytherella sp. ocorreram nos dois níveis estratigráficos, sendo que Paracypris sp. foi considerada alóctone em ambos os níveis, enquanto Cytherella sp. revelou um caráter alóctone em MP-347 e autóctone em MP-348. A ocorrência autóctone de Bythocypris sp., Eocytheropteron sp. e Cytherella sp., além da presença de foraminíferos, indica um paleoambiente marinho raso sob influência continental para a deposição desta porção da Formação Calumbi durante o Cretáceo Superior.

5. OSTRACODES E INTERPRETAÇÃO PALEOAMBIENTAL DA FORMAÇÃO SOLIMÕES (MIOCENO), MUNICÍPIO DE EIRUNEPÉ, AM

ALLAN MATOS DE LIMA¹, MARIA INÊS FEIJÓ RAMOS¹
¹. Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia, Museu Paraense Emilio Goeldi.
allanlima@museu-goeldi.br, mramos@museu-goeldi.br 

Neste trabalho, apresenta-se o estudo taxonômico da classe Ostracoda da localidade de Torre da Lua, município de Eirunepé, a sudoeste do estado do Amazonas.  O material de estudo provém de dez amostras coletadas no leito esquerdo do Rio Tarauacá (Eirunepé, AM) e correspondem a amostras pelíticas da Formação Solimões. O pacote sedimentar estudado compõe de um perfil com poucas estruturas sedimentares embora com a presença de níveis de conglomerados ricos em fósseis. Cerca de 1 kg de sedimento de cada amostra foi processado para a recuperação dos ostracodes. As amostras foram preparadas com o uso de peneiras de malha mais fina que o usual (i.e. 125 µm) para a recuperação de gêneros já registrados para esta localidade embora pouco estudados. Os gêneros Perissocytheridea, Cypretta e Rhadinocytherura, encontrados nestas amostras, em decorrência de suas pequenas dimensões (0,2 - 0,3 mm), são normalmente recuperados com mais dificuldade, sendo desta forma, em geral, pouco estudados. Os três principais gêneros encontrados (i.e., Perissocytheridea, Cypretta e Rhadinocytherura) fornecem informações ambientais importantes que auxiliam na interpretação paleoambiental da Formação Solimões. Perissocytheridea ocorre, normalmente, em ambiente marinho marginal associados à Cyprideis, também comum nas amostras estudadas. O gênero Rhadinocytherura, embora endêmico para o Mioceno da Amazônia é um representante da família Cytherudidae, que costumam habitar ambientes marinhos ou transicionais. Entretanto outros gêneros abundantes identificados no presente trabalho foram Cytheridella e Penthesilenula? e em menor quantidade Cypria. Estes gêneros, em contraposto com os citados acima são de ambientes exclusivamente dulcícolas. Ainda, a presença de foraminíferos (gênero Elphidium), embora rara, associada a fauna mista dos ostracodes (mixoalinos e dulcícolas) inferem que existiram conexões dos ambientes marinhos marginais (estuários, lagunas) com os continentais (lagos temporários) na área de estudo. [CNPQ 160326/2014-1]

6. O ANDAR DOM JOÃO NA BACIA DE JATOBÁ: OSTRACODES, QUIMIOESTRATIGRAFIA E PETROGRAFIA
JULIANA GUZMÁN G1, ENELISE KATIA PIOVESAN2, EDISON VICENTE OLIVEIRA2, ALCIDES NÓBREGA SIAL3, GELSON LUÍS FAMBRINI4

Programa de Pós-graduação em Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. 2. Laboratório de Paleontologia, Universidade Federal de Pernambuco. 3. NEG-LABISE, Universidade Federal de Pernambuco. 4. Laboratório de Geologia Sedimentar e Ambiental, Universidade Federal de Pernambuco.
julitaguzmang@gmail.com, katiapiovesan@gmail.com, vicenteedi@gmail.com, sial@ufpe.br, gelson.fambrini@ufpe.br

O Andar local Dom João (Jurássico Superior?) é caracterizado pela associação de várias espécies de ostracodes não marinhos, bem como palinomorfos, em diferentes bacias tipo rifte do Brasil. A biozona de ostracodes NRT-001 que corresponde ao referido andar foi estabelecida informalmente pela Petrobras nos anos 60; em 1971, Viana et al. formalizaram esta biozona como Bisulcocypris pricei Pinto & Sanguinetti, 1958. Neste trabalho, foram analisadas bio- e quimioestratigraficamente (Isótopos de O e C e FRX em rocha total) as camadas carbonáticas lacustres da Formação Aliança (Bacia de Jatobá) na localidade de Mudobim-Ibimirim (Estado de Pernambuco). A seção estratigráfica examinada neste trabalho (6,25 m) é composta de uma sucessão de folhelhos e argilitos vermelhos a marrons intercalados com camadas centimétricas de calcários bioclásticos, margas e folhelhos cinza esverdeados, da qual foram coletadas 12 amostras dos níveis carbonáticos fossilíferos. Os valores de δ13C e δ18O variam, respectivamente, de -1,22 a -0,89 ‰ e de -1.48 a 0.97 ‰ (V-PDB). Os valores negativos de δ13C são interpretados como produto da liberação de 12C pela oxidação de matéria orgânica, enquanto a flutuação dos valores de δ18O corresponde à variação da taxa de precipitação relacionada ao ciclo da água meteórica em um lago hidrologicamente balanceado. Com relação à fauna de ostracodes, neste trabalho o gênero Bisulcocypris foi considerado sinônimo do gênero Theriosynoecum. A espécie Theriosynoecum pricei foi registrada em grande abundância em todas as amostras estudadas. A fauna associada, em diferentes níveis, é representada por Theriosynoecum uninodosa Pinto & Sanguinetti, 1958; Theriosynoecum quadrinodosum Kroemmelbein & Weber, 1971; Reconcavona? jatobaensis Kroemmelbein & Weber, 1971 e duas espécies da família Darwinulidae, que, em trabalhos anteriores realizados no Andar Dom João de outras bacias, foram denominadas Darwinula gr. oblonga Roemer, 1839 e Darwinula leguminella Forbes, 1885. As espécies registradas na Formação Aliança, neste trabalho, podem ser correlacionadas com a fauna de ostracodes provenientes das formações Brejo Santo, da Bacia do Araripe, e Bananeiras, da Bacia de Sergipe-Alagoas, as quais são datadas como Jurássico Superior? do Nordeste do Brasil. [CNPq 480275/2012-2]

7. O GÊNERO Xestoleberis SARS, 1866 (CRUSTACEA, OSTRACODA) NAS PLATAFORMAS NORTE, NORDESTE E LESTE DO BRASIL

NATHALIA CARVALHO DA LUZ1 & JOÃO CARLOS COIMBRA1

Laboratório de Microfósseis Calcários/LMC, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ncarvalho.luz@gmail.com, joao.coimbra@ufrgs.br

A plataforma continental brasileira estende-se por cerca de 8.000 km, do Cabo Orange (~4°N) ao Chuí (~33°S), e abrange diferentes zonas climáticas, que exercem grande influência no aporte da rede hidrográfica. As descargas concentram-se principalmente ao Norte (Rio Amazonas) e ao Sul (Rio da Prata), onde a plataforma atinge suas maiores larguras. O presente trabalho visa contribuir para o conhecimento dos ostracodes na plataforma continental do Brasil através do estudo do gênero Xestoleberis, revelando o número de espécies, identificando e descrevendo novos taxa, além de discutir sua distribuição geográfica. Este gênero é bastante diversificado e amplamente distribuído em todos os oceanos, e, no Brasil, ocorre ao longo de toda a plataforma, além das ilhas oceânicas. A análise de 359 amostras, provenientes de três regiões da plataforma (Norte, Nordeste e Leste), resultou no reconhecimento de seis espécies, dentre as quais uma já havia sido previamente descrita, quatro são espécies novas e uma foi mantida em nomenclatura aberta, como segue: Xestoleberis umbonata Whatley et al., Xestoleberis sp. nov. A, Xestoleberis sp. nov. B, Xestoleberis sp. nov. C, Xestoleberis sp. nov. D e Xestoleberis sp. A espécie Xestoleberis sp. nov. A está amplamente distribuída na área estudada, ocorrendo em todas as três regiões, enquanto Xestoleberis sp. nov. B é restrita à região Norte. Xestoleberis sp. nov. C, Xestoleberis sp. nov. D e Xestoleberis sp. ocorrem nas regiões Nordeste e Leste. Xestoleberis umbonata foi registrada somente na porção sul da região Leste, em torno do município de Cabo Frio, no Rio de Janeiro. [CNPq 132753/2013-8]

8. A FAMÍLIA CYTHERURIDAE MUELLER, 1894, (OSTRACODA-CRUSTACEA) NA FORMAÇÃO PIRABAS (OLIGO-MIOCENO), PARÁ, BRASIL

LAYLANA LÍGIA RODRRIGUES DE ALMEIDA1,2, MARIA INÊS FEIJÓ RAMOS1 

Museu Paraense Emílio Goeldi, Campus de Pesquisa, Coordenação de Ciências da Terra. 
2. Universidade Federal do Pará, Instituto de Geociências, Faculdade de Geologia, Brasil.
laylanaligia@gmail.com, mramos@museu-goeldi.br 

Os ostracodes, juntamente com os foraminíferos, são os mais abundantes e diversos microfósseis na formação Pirabas, apresentando um dos raros registros de microfauna marinha miocênica da região costeira do Brasil. A família Cytheruridae G. W. Mueller, 1894, foco desta pesquisa, é representada por espécimes de tamanho bastante reduzido, o que dificulta a sua identificação em nível específico. No presente trabalho pretende-se desenvolver o estudo taxonômico e o apuramento das interpretações paleoambientais, bioestratigráficas e paleozoogeográficas com base nesta família. As amostras foram coletadas ao longo de um perfil estratigráfico traçado da Mina B-17, situada no município de Capanema, Pará, e preparadas pelos métodos convencionais para recuperação de microfósseis calcários. Os ostracodes foram triados em microscópio estereoscópico e acondicionados em lâminas plummer por semelhança morfológica. Para a identificação taxonômica foi utilizado o MEV e consultas às referências bibliográficas especializadas. Foram analisadas as amostras dos níveis B-12, B-8 e B-7, cujos gêneros de cytherurídeos identificados preliminarmente foram Cytheropteron, Semicytherura e Cytherura. Além destes, outros gêneros associados foram reconhecidos. Dentre estes, Cyprideis e Perissocytheridea são de fundamental importância nas interpretações paleoambientais. A amostra B-12 teve especial atenção devido à peculiaridade genérica dos ostracodes, os quais não ocorrem nas demais amostras, e por também apresentar maior abundância de espécimes da família Cytheruridae. [PIBIC/CNPQ 160791/2014-6] 


APRESENTAÇÕES NA FORMA POSTER

1. INVENTÁRIO DA OSTRACOFAUNA (OSTRACODA, CRUSTACEA) DO SUBLITORAL DE SANTA CATARINA: UM ESTUDO PRELIMINAR

ANDERSON LUIZ MARTINS DE MORAIS

Laboratório de Microfósseis Calcários/LMC, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
crescermorais@hotmail.com

A fauna de ostracodes de sublitoral é pouco conhecida para a costa brasileira, sendo que os principais estudos com o grupo são voltados para a Plataforma Continental. A região amostrada está inserida no compartimento Costa Sudeste (Cabo Frio-Cabo Santa Marta), apresenta regime de micromarés (amplitude inferior a 2 m) e é formada, principalmente, por praias arenosas com a intermitência de pontais rochosos. Este trabalho tem o objetivo de inventariar a fauna de ostracodes do sublitoral de Santa Catarina, identificando famílias, gêneros e espécies. As coletas foram realizadas na parte norte de Santa Catarina, entre as latitudes 26º10’/27º50’S, de forma manual sempre abaixo da linha de maré baixa, obtendo-se amostras algálicas e de sedimento de fundo. Foram analisadas 62 amostras das quais 13 apresentaram-se estéreis para ostracodes. Em uma análise preliminar, foram discriminadas cerca de 42 espécies pertencentes a 16 famílias e 34 gêneros, sendo que a família Hemicytheridae apresentou maior riqueza com 11 gêneros. Dentre as espécies registradas, foram identificadas 19: Auradilus costatus, Aurila ornellasae, Auricythere sublitoralis, Ruggiericythere dimorphica, Caudites seminudus, Caudites ohmerti, Orionina similis, Coquimba bertelsae, Cytherella perforata, Cyprideis salebrosa, Papillosacythere parallela, Semicytherura caudata, Cornucoquimba planeforma, Nanocoquimba labyrinthica, Loxoconcha bullata, Muellerina labyrinthica, Cytheretta cf. punctata, Triebelina sertata e Neocaudites triplistriatus. Aurila ornellasae, Loxoconcha bullata, Caudites seminudus, Xestoleberis sp. e Ruggiericythere dimorphica são nesta ordem, as espécies mais frequentes nas amostras. O ambiente estudado mostra-se específico para alguns taxa de ostracodes, como por exemplo, para a nova espécie Auricythere sublitoralis, descrito a partir do material estudado. [CNPq 132265/2015-0]


2. OCORRÊNCIA DE Brachycythere gr. sapucariensis (TRACHYLEBERIDIDAE, OSTRACODA) DO CRETÁCEO SUPERIOR DA BACIA DE CAMAMU, BAHIA

GRACE BATISTA CARNEIRO MASCARENHAS1, ENELISE KATIA PIOVESAN2 & ALTAIR DE JESUS MACHADO1 

Universidade Federal da Bahia. 2. Universidade Federal de Pernambuco
gracemascarenhas@yahoo.com.br, katiapiovesan@gmail.com, altair@ufba.br

Este estudo refere-se ao primeiro registro de Brachycythere gr. sapucariensis Krömmelbein, 1964 em afloramentos da Ilha de Quiepe, Formação Algodões, Bacia de Camamu, Bahia, Brasil. Esta bacia situa-se na costa leste brasileira, entre os paralelos 13° e 14° Sul e foi gerada pela separação dos continentes sul-africano e sul-americano. Limita-se ao norte, através da falha de Itapuã, com a sub-bacia do Jacuípe e através da falha da Barra e da zona de acomodação de Jaguaripe, com a bacia do Recôncavo. Seu limite sul ocorre através do Alto de Itacaré, que a separa da Bacia de Almada. A Formação Algodões, da qual são provenientes as amostras deste estudo, está subdividida nos membros Germânia (constituído por calcarenitos e calciruditos oolíticos/oncolíticos) e Quiepe (constituído por calcilutito). Foram realizados trabalhos de campo na Ilha de Quiepe para obtenção de dados geológicos e coleta de amostras de rochas carbonáticas dos afloramentos da Formação Algodões. As amostras foram processadas segundo a metodologia tradicional para recuperação de microfósseis carbonáticos. A preparação foi realizada no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foram recuperados 114 exemplares de Brachycythere gr. sapucariensis, além de outras espécies da família Trachyleberididae, porém as últimas ocorrendo em menor abundância. Brachycythere gr. sapucariensis indica uma provável idade turoniana ao intervalo estudado, o que é reforçado pelos dados de amonoides e foraminíferos planctônicos que foram encontrados nos mesmos níveis analisados neste trabalho. Em termos paleoecológicos, Brachycythere
gr. sapucariensis é indicativo de ambiente marinho de plataforma rasa e de águas mornas, assim como os foraminíferos e amonoides que foram registrados. Dentre as faunas de ostracodes marinhos, as espécies do gênero Brachycythere Alexander, 1933 (especialmente B. sapucariensis) desempenharam papel muito importante no reconhecimento da conexão faunística entre a América do Sul e a África e na proposição de bioprovíncias no Cretáceo Superior.

3. DIVERSIDADE DE OSTRACODA (CRUSTACEA) EM PLANÍCIES DE INUNDAÇÃO BRASILEIRAS

HIGUTI, J.1; CONCEIÇÃO, E. O.1; LANSAC-TÔHA, F.A.1,2; PEREIRA, L. C.2; MATSUDA, J. T.1; MARTENS, K3.

1Universidade Estadual de Maringá, Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura, Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais. 
2Universidade Estadual de Maringá, Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada.
3Royal Belgian Institute of Natural Sciences/Freshwater Biology, University of Ghent/ Department of Biology, Brussels, Belgium 
janethiguti@gmail.com, eliezer.oliveira.c@gmail.com, fabio@nupelia.uem.br, lezhinha@gmail.com, juhmatsuda@gmail.com, darwinula@gmail.com 

Planícies alagáveis possuem uma grande diversidade de hábitats aquáticos, terrestres e de transição, que dependem primariamente dos pulsos hidrológicos para a manutenção de seu funcionamento. Além disso, os diferentes ambientes desses ecossistemas abrigam uma variedade de plantas aquáticas, as quais hospedam ricas comunidades de invertebrados, destacando-se os ostrácodes por sua alta diversidade e abundância. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento da fauna de ostrácodes em quatro planícies brasileiras e comparar a sua diversidade entre elas. Os ostrácodes associados às macrófitas aquáticas foram coletados em dois períodos hidrológicos, nas planícies de inundação da Amazônia, Araguaia, Pantanal e Paraná. As macrófitas foram amostradas manualmente, colocadas imediatamente em baldes plásticos e lavadas com água com a finalidade de os ostrácodes se desprenderem das plantas. As amostras foram fixadas em álcool 70%. Foram registradas, até o momento, 41 espécies de ostrácodes, associadas as macrófitas aquáticas, nas quatro planícies de inundação, representadas pelas famílias Cyprididae, Candonidae, Limnocytheridae e Darwinulidae. Os maiores valores de riqueza taxonômica (diversidade alfa) foram registrados na planície do rio Araguaia, seguida pela Amazônia, Pantanal e Paraná. Os resultados da análise de coordenadas principais (PCoA), utilizada para avaliar a (dis)similaridade entre os diferentes sistemas de planícies, evidenciaram uma separação entre as planícies. No entanto, foi constatada diferença não significativa na composição de espécies. O teste de homogeneidade de dispersão (PERMDISP) demonstrou diferenças não significativas na variabilidade da diversidade beta entre as planícies de inundação. Os resultados revelaram baixa diversidade beta de ostrácodes entre as planícies de inundação. A fauna de ostrácodes recentes do Brasil ainda é pouco conhecida, tendo em vista que nessas planícies estudadas houve o registro de novas espécies e novos gêneros de ostrácodes. Além disso, vários hábitats, como intersticial, lagoas temporárias, riachos, reservatórios, ambientes semi-terrestres, entre outros, permanecem pouco conhecidos. Assim, apesar do grande esforço para se conhecer a biodiversidade de ecossistemas aquáticos, torna-se necessário maior investigação no que se refere aos ostrácodes nesses diferentes hábitats. [Apoio: SISBIOTA/CNPq/Fundação Araucária, PELD/CNPq e PEA/PGB/Nupélia/UEM]


4. LEVANTAMENTO PRELIMINAR DAS ASSEMBLEIAS RECENTES E ASPECTOS TAFONÔMICOS DOS OSTRACODES DO COMPLEXO ESTUARINO DA BAIA DE PARANAGUA, SUL DO BRASIL

CLÁUDIA PINTO MACHADO

Centro Tecnológico (CENT), Universidade de Caxias do Sul (UCS) 
machadocpm@gmail.com

Estudos sobre assembleias de ostracodes em ambientes estuarinos são raros no Brasil. Por outro lado, o conhecimento das características tafonômicas e ecológicas dessas assembleias é essencial para posteriores interpretações paleoambientais de ambientes estuarinos. O objetivo desta pesquisa é realizar um levantamento preliminar da ostracofauna e caracterizar as suas associações em duas áreas do Complexo da Baía de Paranaguá: Baía dos Pinheiros e Rio Medeiros. O material de estudo incluiu 30 amostras de sedimentos (13 amostras de Baía dos Pinheiros e 17 do Rio Medeiros), coletadas com um amostrador busca-fundo do tipo Petite Ponar. Neste levantamento foram analisados 574 exemplares identificados em 20 táxons. As espécies Auricythere sublitoralis, Bairdopillata sp., Caudites sp., Cythereretta punctata, Keijella dictyon, Neocaudites triplistriatus, Neocytherideis sp. e Whatleyella sp., ocorreram apenas na Baía dos Pinheiros e todos estes táxons são geralmente encontrados em ambiente marinho raso. Entre os representantes do Rio Medeiros estão Cyprideis salebrosa, Paradoxostoma sp., Sclerochilus sp. 1 Sclerochilus sp 2. Semicytherura sp., Xestolebereis? sp. 1, Xestolebereis? sp. 2, Xestolebereis? sp. 3 e Frenguellicythere sp. 1, comumente encontrados em áreas marinhas e estuarinas. Cyprideis multidentata, Loxoconcha bullata e Tanella sp. foram registradas em ambas as áreas. A análise tafonômica baseada nas proporções de espécimes juvenis e adultos, na ausência de evidência de transporte e sinais de fragmentação e abrasão de valvas e/ou carapaças, sugere que a maioria dos táxons são autóctones.

5. OS OSTRACODES DE CERRO AZUL: NOVOS REGISTROS PARA O LIMITE K-PG DA BACIA DE NEUQUÉN, ARGENTINA

DAIANE CEOLIN1, ROBIN WHATLEY2, GERSON FAUTH1 & ANDREA CONCHEYRO3

Instituto Tecnológico de Micropaleontologia - itt Fossil, Universidade do Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS.
Micropalaeontology Research Group, Institute of Earth Sciences, Aberystwyth University, United Kingdom.
IDEAN - Instituto de Estudios Andinos “Don Pablo Groeber”. Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas. Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Universidad de Buenos Aires. 
daiaceolin@unisinos.br, riw@aber.ac.uk, gersonf@unisinos.br, andrea@gl.fcen.uba.ar

A Bacia de Neuquén é conhecida por apresentar um rico e bem preservado conteúdo fossilífero, constituindo uma região ideal para estudos sobre eventos de extinção do limite Cretáceo–Paleogeno (K–Pg). Recentemente foram descobertas novas seções que registram o K–Pg, dentre as quais, a seção de Cerro Azul. Esta seção possui uma fauna de ostracodes abundante, bem preservada e registra a passagem do limite K–Pg. Neste estudo, foram analisadas 27 amostras de um perfil composto por 70 m de rochas pelíticas e carbonáticas, pertencentes às formações Jagüel e Roca (Maastrichtiano–Daniano). O estudo faunístico permitiu o reconhecimento de 113 espécies, pertencentes a 51 gêneros e 11 famílias. Destes, 10 gêneros e 41 espécies são novos e pertencem às famílias Cytherellidae, Paracyprididae, Bythocytheridae, Cytherideidae, Cytheruridae, Loxoconchidae, Pectocytheridae, Cytheridae e Trachyleberididae. A interpretação paleoecológica para a seção de Cerro Azul é baseada na associação faunística de ostracodes e permitiu inferir um ambiente marinho de plataforma média a interna, sendo a família Trachyleberididae a mais abundante tanto no Maastrichtiano quanto no Daniano. A passagem do limite K–Pg foi marcada por uma considerável mudança faunística, caracterizada pelo surgimento de uma nova fauna mais rica e abundante no Daniano, além da presença de 21 espécies que já ocorriam no Maastrichtiano. Além disso, foi observada a presença de predação nas carapaças, especialmente no Daniano, possivelmente relacionadas ao aumento de gastrópodes bivalves carnívoros neste intervalo na bacia. A presença de níveis com carapaças dissolvidas e moldes de ostracodes pode estar relacionada à atividade vulcânica no setor oeste da bacia, advindos dos movimentos iniciais para a formação da atual Cordilheira dos Andes. [Bolsista Milton-Valente, UNISINOS; CAPES – Proc. BEX 2696/14-2, colaboração do projeto UBACYT N°20020110100170]

6. CYTHERELLIDEOS (OSTRACODA, CRUSTACEA) DO MIOCENO INFERIOR DA BACIA DE PELOTAS, SUL DO BRASIL

RAQUEL DE MATTOS MANICA1, CRISTIANINI TRESCASTRO BERGUE2 & JOÃO CARLOS COIMBRA1

Laboratório de Microfósseis Calcários/LMC, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Instituto Tecnológico de Micropaleontologia/itt Fossil, Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
raquel_manica@yahoo.com, cbergue@unisinos.br, joao.coimbra@ufrgs.br

Ostracodes são amplamente utilizados em estudos paleoambientais e bioestratigráficos, sendo indicadores de batimetria, salinidade e temperatura. Nas bacias da margem continental brasileira, os ostracodes têm se destacado por fornecer resultados paleoceanográficos robustos, inclusive na Bacia de Pelotas. No presente, esta bacia localiza-se na área de influência da Zona de Convergência do Atlântico Sul, onde águas frias, vindas do sul através da Corrente das Malvinas (que é um ramo da Corrente Circumpolar Antártica), encontram-se com as águas quentes da Corrente do Brasil. A Corrente das Malvinas é responsável por transportar águas frias para a região costeira do sul e parte do sudeste brasileiro. O intervalo aqui estudado corresponde ao Eomioceno segundo estudo bioestratigráfico efetuado com base em cocolitoforídeos. As 18 amostras analisadas provêm do poço 2-RSS-1, perfurado pela Petrobras na década de 1970, tendo sido preparadas 60 g de cada amostra. Os ostracodes foram triados com o auxílio de estereomicroscópio e fotomicrografados em microscopia eletrônica de varredura. No presente trabalho, são registradas três espécies do gênero Cytherella, uma de Inversacytherella e uma preliminarmente alocada em Grammcythella. Devido à escassez de material, três das cinco espécies foram deixadas em nomenclatura aberta: Cytherella sp. A, Cytherella sp. B e Grammcythella?  sp. As outras duas espécies são novas para a ciência: Cytherella sp. nov. e Inversacytherella sp. nov. O gênero Inversacytherella se caracteriza por apresentar, além da inversão da sobreposição das valvas (valva esquerda sobrepondo-se à direita), cicatrizes adutoras mais numerosas do que as típicas de Cytherella. Os gêneros Grammcythella e Inversacytherella, descritos para o sul do Oceano Pacífico, têm aqui registradas suas primeiras ocorrências no Atlântico. A presença de espécies destes dois gêneros na Bacia de Pelotas decorre de intercâmbios faunísticos entre o Atlântico e o Pacífico, possivelmente promovidos pelo estabelecimento da Corrente Circumpolar Antártica, conforme sugerido em trabalhos anteriores com diferentes faunas. [CNPq 131252/2014-3]

7. AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DO PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO NA RECUPERAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE OSTRACODES EM ROCHAS CARBONÁTICAS

MARLONE H. HÜNNIG BOM 1, ENELISE KÁTIA PIOVESAN 2, MICHELE GOULART DA SILVA 1 & GERSON FAUTH 1
Instituto Tecnológico de Micropaleontologia/itt Fossil, Universidade do Vale do Rio dos Sinos- UNISINOS.

Laboratório de Paleontologia, Universidade federal de Pernambuco-UFPE.
marloneb@unisinos.br,katiapiovesan@gmail.com,migoulart@unisinos.br,gersonf@unisinos.br

A recuperação dos microfósseis da matriz rochosa constitui uma etapa crucial da pesquisa micropaleontológica. Durante a desagregação das rochas, uma série de precauções se faz necessária para que a preservação dos espécimes após o tratamento químico seja o mais fidedigna possível. A técnica tradicionalmente utilizada para a recuperação de microfósseis calcários consiste na adição de peróxido de hidrogênio (10-35%), que age através da ação da oxidação e do desprendimento de gás carbônico, causando a expansão nos poros da rocha. Na tentativa de avaliar a influência das variações de concentração deste solvente, este trabalho tem como objetivo realizar uma análise crítica desta metodologia e relatar as dificuldades técnicas de extração dos ostracodes coletados em afloramentos da Formação Jandaíra, Bacia Potiguar. Para isto, cada amostra foi dividida em três partes, cada uma contendo 30 g de rocha. A primeira parte, a bruta, foi desagregada apenas mecanicamente; a segunda parte foi desagregada com solução de H2O2 15% e a terceira parte foi preparada com solução de H2O2 35%. Os espécimes provenientes de cada tipo de preparação foram triados e uma primeira análise foi realizada em estereomicroscópio. Com uso deste equipamento verificou-se que, nas amostras brutas, a abundância e riqueza são muito reduzidas e a maioria das valvas estão preenchidas com sedimento. Os espécimes provenientes das amostras preparadas com H2O2 15% e 35% apresentaram boa preservação e abundância, inclusive os juvenis, que normalmente possuem carapaças mais frágeis, confirmando-se assim a efetividade do método. Para cada proposta metodológica, diferentes espécimes foram organizados taxonomicamente e avaliados via MEV (microscopia eletrônica de varredura). As análises com EDS (espectroscopia de dispersão de energia) permitiram a observação de diferenças na composição química da carapaça, interferindo na recuperação e preservação de cada espécie. [CAPES/PDSE 18919/12-0; CNPq 308544/2012-9]

8. SIGNIFICADO PALEOECOLÓGICO DOS OSTRACODITOS DA FORMAÇÃO ALAGAMAR, APTIANO DA BACIA POTIGUAR

ROZILEIDE DE OLIVEIRA LIMA COSTA¹, JOSÉ GEDSON FERNANDES DA SILVA¹, JOÃO VILLAR DE QUEIROZ NETO¹, ISABELLE TEIXEIRA DA SILVA2.

Petroleo Brasileiro S.A. 2. MGF Engenharia e Administração LTDA.
rozileide@petrobras.com.br, gedson@petrobras.com.br, joaovq@petrobras.com.br, isabelleteixeira.mgf@petrobras.com.br

Camadas centimétricas ricas em ostracodes são comuns no Membro Upanema e nas camadas Ponta do Tubarão (Formação Alagamar). A associação faciológica é constituída por folhelhos negros lacustres, carbonosos, sem bioturbação aparente, localmente piritosos, com camadas milimétricas a centimétricas de ostracodes intercalados com lâminas de matéria orgânica (microbial?). Em lâminas delgadas há esferulitos, alguns moldes de ostracodes preenchidos por calcita fibro-radiada e mosaico, dispersos em matriz siltoargilosa, raros coprólitos(?) e intraclastos associados aos níveis ricos em ostracodes. Os microcrustáceos são abundantes, por vezes envolvidos pela matriz orgânica, em sua maioria recristalizados e localmente piritizados. A assembleia descrita é composta basicamente pelo gênero Pattersoncypris e pela espécie Ostracode sp. 207, muito abundantes, com diferentes estágios ontogenéticos e com raros sinais de dissolução e compactação, e com gerações diferentes (adultos e juvenis). Os estágios citados anteriormente serão representados através de histogramas populacionais. As carapaças são delgadas e sem ornamentação, o que deve ser consequência do stress ambiental provocado por variações da composição química e da salinidade da água do lago. Em geral, as carapaças estão bem preservadas e têm cor castanha a cinza, porém localmente foram recuperados ostracodes com carapaças pretas com muitas incrustações e amassadas. As características destes ostracoditos sugerem que as faunas estudadas são autóctones e consistentes regionalmente, com base nos poços estudados. Estes ostracoditos têm sido interpretados como depósitos de tempestitos ou de turbiditos depositados durante períodos mais úmidos, nos quais havia expansão do lago. Por outro lado, a morfologia das carapaças e a associação com supostos filmes microbiais e esferulitos tem sido atribuída à salinização do lago, em função da aridez climática e déficit hídrico. Este estudo pretende trazer novas informações para auxiliar no entendimento das condições limnológicas durante a formação dos ostracoditos.









Artigos Científicos



Mascarenhas, G. B. C.; Piovesan, E. K. & Machado, A. J. 2016. Ostracodes da Ilha de Quiepe (Turoniano) da Bacia de Camamu, Bahia, Brasil: Taxonomia e Inferências Paleobiogeográficas. Estudos Geológicos, volume 26(2): 108-128. download

domingo, 24 de julho de 2016

Notícias sobre defesas de monografias, dissertações e teses

- Defesa do trabalho de conclusão de Mariana da Silva Pinto (UFPel), sob orientação de Nathália Carvalho da Luz, Co-orientação de Karen Adami-Rodrigues e José Eduardo Figueiredo Dornelles. Ocorrida em 17/02/2017.
Título: OSTRACODA (CRUSTACEA) DO QUATERNÁRIO MARINHO DO BRASIL: DESCRIÇÃO DE UMA NOVA ESPÉCIE DE BYTHOCYTHERIDAE

- Defesa da dissertação de mestrado de Marcos Antônio Batista dos Santos Filho (UNISINOS), sob orientação de Gerson Fauth (UNISINOS) e Co-orientação de Enelise Kátia Piovesan (UFPE).  Ocorrida em 06/10/2016.
Título:OSTRACODES CRETACEOS DA BACIA DE BARREIRINHAS: TAXONOMIA, CONSIDERAÇÕES BIOESTRATIGRÁFICAS E INFERÊNCIAS PALEOAMBIENTAIS

- Defesa do trabalho de conclusão de Débora Menezes de Souza, sob orientação de Enelise Kátia Piovesan, (UFPE). Ocorrida em 12/2016.
Título: OSTRACODES DO APTIANO–ALBIANO DA BACIA DO ARARIPE: IMPLICAÇÕES PALEOAMBIENTAIS E BIOESTRATIGRÁFICAS

- Defesa de qualificação de doutorado de Nathalia Luz, sob orientação do Prof. João Carlos Coimbra (UFRGS). Ocorrida no dia 08/07/2016.
Título: FIDELIDADE QUANTITATIVA DE INVERTEBRADOS BIVALVES COM ÊNFASE EM OSTRACODES

- Defesa da tese de doutorado de  Grace Batista Carneiro Mascarenhas sob orientação de Altair de Jesus Machado e co-orientação de Enelise Kátia Piovesan, (UFBA). Ocorrida no dia 14/12/2015.
Título: FORAMINÍFEROS E OSTRACODES DO CRETÁCEO SUPERIOR: ANÁLISE TAXONÔMICA, PALEOBIOGEOGRÁFICA E PALEOECOLÓGICA. FORMAÇÃO ALGODÕES, BACIA DE CAMAMU, BAHIA